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quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Oque é batalha espiritual - Parte 2 Mauro Filgueiras
2 - EXERCENDO O MME
O processo de aconselhamento começa quando se detecta um comportamento estranho em alguém, o que estimula à procura de um especialista. Geralmente, o ministro ou conselheiro dedica um tempo para conhecer a pessoa reunindo informações sobre antecedentes e envolvimentos anteriores com ocultismo ou pecados relativos ao mesmo.
Geralmente faz- se um levantamento da história da família. Muitas vezes, o ministro suscita a questão do "endemoninhamento" como uma possibilidade, ensinando as noções básicas da batalha espiritual MME.
Consagra-se um tempo à oração, na qual o conselheiro clama pelo cumprimento de promessas e pela proteção contra os poderes malignos. A pessoa é chamada a renunciar a alguns tipos de pecado e envolvimento com atividades ocultistas.
Após esse momento de oração, possíveis indícios da presença de demônios são detectados. E provável que essa pessoa demonstre tédio acentuado ou antipatia em relação ao seu intercessor. Pode ser que o aconselhado também experimente pensamentos, impulsos, emoções, memórias e fantasias estranhas aos seus desejos, crenças de autoimagem conscientes.
Nessa altura, o conselheiro pode suspeitar que os demônios existentes controlem a pessoa em certos aspectos. Está na hora de um confronto no método MME. O praticante desse método tentará identificar os demônios pelo nome, convidando-os a se manifestarem por meio de revelação direta ou de livres associações do aconselhado.
Tenta-se identificar o alicerce sobre o qual os demônios conseguiram se estabelecer na vida da pessoa e o direito com o qual conseguem ali manter residência. Essa conversa tanto pode ser com a pessoa como com o demônio. Então, o real confronto acontece: o ministro exerce autoridade sobre os demônios, os amarra e ordena que saiam em nome de Jesus.
Em outras formas menos dramáticas de MME, o aconselhado é simplesmente convidado a acreditar nas promessas bíblicas e confessá-las enquanto fazem determinadas preces contra os espíritos malignos.
Durante alguns confrontos de poder, há a manifestação de alguns efeitos físicos como espirros, tosses, gritos, vozes bizarras, vômitos e convulsões. Em outros, o aconselhado pode simplesmente relatar uma sensação de alívio. Depois do confronto de expulsão demoníaca, segue-se um discipulado básico como forma de "manter a libertação". Pode- se ensinar técnicas de auto MME a fim de afastar a influência demoníaca.
3 - QUATRO VARIEDADES, UM MOVIMENTO
A visão do MME de batalha espiritual tem se desenvolvido desde o final dos anos 60 com quatro variações importantes. Todas partilham características básicas fundamentais, mas divergem em várias particularidades sobre ensino e método. Frequentemente, alguns autores citam favoravelmente uns aos outros dentro desse leque.
Os carismáticos foram os primeiros expoentes dessa nova visão de batalha espiritual. O popular livro do pastor Don Basham, Deliver us from evil [Livra-nos do mal], despertou, em 1972, um enorme interesse e notoriedade. Essa versão do MME continua, por exemplo, no ministério de Benny Hinn, escritor de Bom dia Espírito Santo.
Os partidários da Dispensação desenvolveram uma segunda variedade do ministério de libertação demoníaca. Dentre autores de livros conhecidos, incluem-se Mark Bubeck, The Adversaty [O Adversário], 1975, Merrill Unger, What Demons Can Do to Saints [O que os demônios podem fazer aos santos], 1977 e Fred Dickason, Demon Possession and the Christian [Possessão demoníaca e o cristão], 1987.
Essa variação é um pouco mais restrita, operando mais por meio de aconselhamento particular pastoral e de oração do que por confrontos sobrenaturais com demônios.
Uma terceira variação surgiu do que se tem denominado "a terceira onda do Espírito Santo", principalmente nas imediações do Fuller Theological Seminary, com líderes conhecidos tais como John Wimber, Peter Wagner, Charles Kraft, John White e Wayne Grudem.
E dada uma maior importância aos "sinais e maravilhas", ao crescimento da igreja e às missões do Terceiro Mundo. A noção de "espíritos territoriais" — demônios que controlam cidades e regiões inteiras — é inovação recente dentro do ensinamento da terceira onda.
Uma quarta variação pode ser caracterizada como eminentemente evangélica. Neil Anderson, Timothy Wagner, Tom White e Ed Murphy escreveram recentemente livros introduzindo características do pensamento do MME na perspectiva evangélica mais tradicional. Sua abordagem é distanciada dos sensacionalistas "confrontos de poder" e enfatiza a verdade e a fé como elementos de autolibertação dos demônios existentes.
O novelista Frank Peretti possui um lugar especial no movimento do MME. O mundo que ele descreve é mais semelhante aos dos primeiros carismáticos: demônios ocultos por toda a parte e confrontos espetaculares. Mas ele também concede atenção especial aos demônios territoriais. Peretti faz uma precisa distinção entre endemoninhados não cristãos e cristãos cheios do Espírito Santo. O processo de santificação não está ardilosamente ligado a libertações demoníacas como querem crer alguns escritores preocupados com aconselhamento.
O objetivo atual não é levantar as diferenças entre essas abordagens, mas interagir com as características comuns. Há um leque de opções entre o relativamente equilibrado e ponderado e o exagerado e, até mesmo em alguns casos, o bizarro. Exemplos de erros teológicos grosseiros e falhas flagrantes no zelo e discernimento pastoral são fáceis de serem detectados. Porém, até certo ponto, o movimento controlou sua própria autocrítica.
Muitos adeptos estão atingindo um processo de amadurecimento que aboliu o entusiasmo precipitado da juventude. Tanto individualmente quanto em grupo tem-se procurado evitar confrontos ecbalísticos. Conforme amadurecem, muitos adeptos do MME procuram chamar menos atenção, reduzindo manifestações demoníacas e conversas com o diabo, promovendo um maior diálogo com seres humanos responsáveis. Esse movimento procura levar a Bíblia a sério.
A visão ecbalística de ministério, crescimento pessoal e batalha espiritual não é a única visão possível. Na história das igrejas evangélicas, é uma inovação recente e radical.
Conteúdo retirado de: estudosgospel.com.br
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